CAPITÃO ENÉAS-MINAS GERAIS



O nome de Capitão Enéas é homenagem a um benemérito local. Em 1962 Bururama emancipa-se e em 1965 passou a se chamar Capitão Enéas

Surgiu quando uma expedição organizada pelo capitão Antônio Gonçalves Figueira buscava ligar Montes Claros ao rio Gorutuba e aos currais da Bahia. A expedição alcança a região próxima a serra do Catuni, às margens de uma pequena lagoa. Ali, o capitão e seus homens montam acampamento e erguem uma cruz, marcando o futuro município de Brejo das Almas, atual Francisco Sá. Brejo das Almas possuía um distrito chamado Burarama.

Formação Administrativa
Elevado à categoria de município e distrito com a denominação de Burarama de Minas, pela Lei Estadual n.º 2.764, de 30-12-1962, desmembrado de Francisco Sá. Sede no atual distrito Burarama de Minas (ex-povoado). Constituído de 2 distritos: Burarama de Minas e Caçarema, este último criado pela mesma lei acima citada. Instalado em 01-03-1963.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o município é constituído de 2 distritos: Burarama de Minas e Caçarema.
Pela Lei Estadual n.º 3.973, de 15-12-1965, o município de Burarama de Minas passou a denominar Capitão Enéas.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1999.
Pela Lei Estadual n.º 1, de 20-12-2001, é criado o distrito de Santana da Serra e anexado ao município de Capitão Enéas.
Em divisão territorial datada de 2003, o município é constituído de 3 distritos: Capitão Enéas, Caçarema e Santana da Serra.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2017.

Enéas Mineiro de Souza, 
o desbravador do sertão Norte Mineiro


A saga do Capitão Enéas

“A história de um homem valente, determinado, influente e que contribuiu para a formação do Norte de Minas. Deixou sua terra natal e mudou-se para Pernambuco, onde virou Comissário de Policia das Forças Volantes. Nos anos 30 rumou para Minas Gerais mudando o rumo da vida dele e o destino do Norte de Minas.”

          Nascia no sertão paraibano o homem que iria entrar para a história de Minas Gerais como fundador de uma próspera e acolhedora cidade. Enéas Mineiro de Souza nasceu no dia 12 de fevereiro de 1889, no povoado de Lagoa Monteiro, no município de São João do Cariri, interior da Paraíba.

          Aventureiro, destemido e determinado, o homem de personalidade forte deixou a terra natal e mudou-se para Pernambuco, onde virou Comissário de Policia das Forças Volantes daquele Estado. Nos anos de 1930 partiu para Minas Gerais mudando o rumo da sua vida e o destino do Norte de Minas.

          Na cidade de Francisco Sá, Enéas Mineiro foi prefeito entre 1946 e 1950. Em 1950 confirmou a trajetória de líder regional tornando-se prefeito de Montes Claros. Seguindo os trilhos do progresso, adentrou o Cerrado para retirar as madeiras que serviram para a fabricação de dormentes para a ferrovia que desbravava o sertão norte-mineiro. A Estrada de Ferro Central do Brasil, um dia, foi o principal meio de transporte da região.

De fazenda à cidade das Alamedas

          Em 20 de janeiro, dia de São Sebastião, o Capitão chegou onde, agora, é a cidade que leva o seu nome. Tomou como desafio a construção de longos trechos ferroviários para a Estrada de Ferro Central do Brasil de Minas Gerais, ligando São Paulo à Bahia. Intrépido, adentrou-se nas matas entre os rios Verde, São Domingos e Quem Quem, ocupou vasto território e próximo ao de Sapé No local montou a Fazenda Burarama e começou a desenvolver atividades agropecuárias e comerciais. Com isso, o lugarejo cresceu rápido, foram construídas casas, as Capelas Nossa Senhora da Guia e de São Sebastião, cinema, armazéns, bares, o Hotel Burarama, farmácias e lojas. Centenas de homens, que vieram para trabalhar na ferrovia Central do Brasil e na serraria (que produzia cerâmica, telhas e tijolos), pertencentes ao Capitão Enéas, pessoas de muitas regiões não paravam de chegar. Isso permitiu a expansão física do lugar. Enéas fez um planejamento de crescimento, aos moldes das grandes cidades desenvolvidas, inclusive a capital do Brasil, Brasília. No lugar de ruas, optou por longas e espaçosas avenidas e alamedas.

          Na revisão administrativa do Estado de Minas Gerais, em 1962, a Fazenda que pertencia ao município de Francisco de Sá, conseguiu a emancipação político-administrativa. Da legalização encarregou-se o Deputado Jorge Vargas, que junto ao governador José de Magalhães Pinto não teve dificuldade de se fazer aprovar Projeto de Lei Nº 2.189/65, na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais. Projeto que se fez lei, publicado no “Minas Gerais”, de 15 de setembro de 1965, autorizando definitivamente a mudança do nome Burarama de Minas para “Capitão Enéas”. Burarama de Minas foi o primeiro município do Brasil a ser emancipado sem antes passar pela condição de arraial, povoado, vila ou distrito. Na época, o senhor Jacinto Teixeira da Silva foi nomeado interventor, cargo que ocupou até ser preparada a primeira eleição municipal, em 1963. O primeiro prefeito, merecidamente, foi Capitão Enéas Mineiro de Souza, que sempre mostrou ser um visionário, empreendedor e à frente do seu tempo.

          Com o progresso foram erguidos campos de futebol, clube social, postos de saúde, A escola Estadual Nossa Senhora da Guia e o campo de pouso para aviões. Os sistemas de energia elétrica e abastecimento de água também foram criados. A saga deste bravo herói sertanejo terminou no dia 11 de setembro de 1965, aos 76 anos. Desta data em diante Burarama de Minas passou a se chamar Capitão Enéas, uma justa e bela homenagem ao grande aventureiro paraibano de alma mineira.

 Enquanto que em Burarama, Enéas, já no final de sua linda e proba existência, ainda dava as cartas como o dono do pedaço e senhor absoluto. Muito fez em defesa de seu povo e de seu torrão que hoje se denomina Capitão Enéas, a Cidade das avenidas, por suas vastas, planas e bem traçadas ruas, cuja planície, presente da Natureza, por concessão única ou quiçá por descuido dos deuses, àquele abençoado recanto localizado ao norte de Minas, estado que se encontra em quase seu todo, coberto por montanhas e elevações, dai vindo o seu codinome “alterosas”.

Por outro lado, Enéas, ou o Capitão Enéas Mineiro de Souza, era homem de poucas palavras e não muito afeito às letras. Também não dispunha do jogo de cintura necessário em todas as atividades e principalmente na arte da política. Falava estritamente o necessário e, acostumado a caserna dos senhores de engenhos de onde provinha, expressava-se na maioria das vezes com frases truncadas e nem sempre compreensíveis. Bem humorado, afável, sorridente, no entanto, o Capitão possuía um senso de humanidade e um coração bondoso que contrastavam com suas rudes palavras. Empreendedor contumaz, esse Paraibano arretado, “Bandeirante do Norte das Gerais”, era comprometido com o seu povo, com o Brejo e com sua “Burarama”, hoje Capitão Enéas, em sua justa homenagem.

Dados oficiais: elevado à categoria de município e distrito com a denominação de Bururama de Minas pela Lei Estadual n° 2.764 de 30/12/1962, desmembrando-se de Francisco Sá. Pela Lei Estadual n° 3.973 de 15/12/1965 o município de Bururama de Minas passou a se chamar Capitão Enéas.

A estação foi aberta em 1944 com o nome de Burarama. Pouco tempo mais tarde, o nome foi alterado para Engenheiro Zander, ainda nos anos 1940. O trem de passageiros deixou de ali passar em 1996. Hoje o prédio está sendo utilizado como escritório pela FCA. Mas descaracterizado com a troca de suas janelas e portas de madeira por metálicas, tendo também perdido o guichê onde se vendiam as passagens. 






FONTES






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